Bolívia – Deserto de Sal

Todos os anos conseguimos fazer uma viagem a 2.

Mas dessa vez teríamos apenas alguns dias. Fomos escolher o destino: algum país que não conhecíamos, que fosse pertinho. Decidimos pela Bolívia para conhecer uma paisagem bem exótica: o deserto de sal.

A passagem foi comprada pela companhia local, “Boliviana de Aviação”, ou “BoA” para os íntimos. Não que fôssemos íntimos, afinal nunca havíamos ouvido falar dessa empresa, mas era a que oferecia passagem com menor custo e menor tempo de vôo. E assim, lá fomos nós!

Saímos no sábado de manhã de Uberlândia e após 3 vôos (Conexão em SP e em Cochabamba) estávamos em La Paz no final da tarde.

Deixamos as malas no hotel e fomos caminhar pela cidade para jantar.

No dia seguinte acordamos cedo e pegamos o voo paraUYUNI,a cidade entrada para o deserto de sal, o destino mais interessante da Bolívia. Voamos novamente pela BoA e fomos recebidos no aeroporto. Passamos na agência  (Andes Salt Expeditions Tours) para pagar o tour e as 10:00 já estávamos na estrada, em um veículo 4×4 dirigido por Pepe, nosso guia nos 2 dias no deserto.

A cidade de Uyuni tem cerca de 30.000 habitantes e vive da exploração do sal e do turismo. Mesmo estando na baixa temporada haviam muitos turistas!

O clima nessa época do ano é realmente muito seco. A cidade é absolutamente marrom, pois a imensa maioria das casas não são rebocadas nem pintadas, e nem calçadas.

A primeira parada foi no cemitério de trens, bem ao lado da cidade. São muitos. Cada um faltando um pedaço diferente. Ficamos ali por meia hora como crianças em um parque de diversão, buscando o melhor ângulo pra foto, o trem mais alto pra subir, a melhor maneira de avistar o horizonte azul e infinito. Nos divertimos muito!

Depois fomos em direção ao deserto de sal. O Salar de Uyuni,na Bolívia, é o maior deserto de sal do mundo. Tem cerca de 170 km por 140 km, aproximadamente 13.000 km2, uma área imensa! A extensão é tão grande, que é possível avistá-lo em fotos de satélite! E segundo o nosso guia tem 120 metros de profundidade.

Muito antigamente havia no local vários lagos pré-históricos que secaram ao longo de milhares de anos. Está a 3.600 metros acima do nível do mar e alguns pontos passam de 5.000 metros de altitude.

No caminho cruzamos com várias vicunhas, um animal muito parecido com a lhama, mas menor.

Paramos também em um povoado para ver o processo de extração de sal e compramos alguns artesanatos e souvenires.

E depois entramos na imensidão do deserto de sal. Logo na entrada um lago borbulhando. Segundo o guia, a ar entra pelo vulcão já inativo que se avista ao longe, na linha do horizonte.

A partir daí o trajeto só paisagens deslumbrantes, que incluem não só a imensidão branca feita de sal, mas também lagunas, ilhas com cactos gigantes, formações rochosas, vulcões, um pôr do sol e um céu estrelado inacreditáveis. Difícil transmitir em palavras tamanha beleza desse lugar.

Como estamos em outubro o tempo é bem seco e durante o dia o clima fica agradável. No início do ano (janeiro e fevereiro) chove muito e a fina camada de água que fica em cima do sal produz um efeito espelho impressionante, permitindo fotos fantásticas. No meio do ano (inverno) faz muito, muito frio.

Monumento (todo feito com sal) da corrida Rali Dakar, que era realizada aqui no deserto de sal (Bolívia)

 

Praça das bandeiras – mastros de bandeiras de vários países do mundo. É lindo vê-las balançando ao vento.

Almoçamos dentro do Hotel de Sal (sim, todo construído de blocos de sal). Cada guia leva a refeição já pronta para servir. Comemos salada de tomate e pepino, omelete, carne de lhama e quinoa. A quinoa é cereal nativo da Bolívia, parecido com o trigo. É a base da alimentação deles, como o nosso arroz.

Depois do almoço dirigimos por cerca de 2 horas em cima do sal, com tudo branco ao nosso redor, avistando as vezes bem longe algum outro 4×4, o Rodrigo tirando um cochilo e o guia mascando folhas de coca. Não faço ideia de como ele se guiava no meio daquela imensidão branca…

É uma tradição tirar fotos no meio do deserto brincando com a proporção.

Claro, não perdemos a oportunidade!

Ao final do dia chegamos a “Gruta de las Galáxias”, uma caverna com estranhas formações calcárias que assemelham-se a ossos. Ao lado um pequeno cemitério da época do povo pré-inca.

Subimos ao “mirador ” e assistimos a um belo por do sol nas montanhas.

Quando o sol se foi a temperatura caiu drasticamente. Chegamos ao alojamento Magia del Salar, em um pequeno povoado ao lado do deserto. A estrutura era melhor do que eu imaginava: quarto com chuveiro quente e tomada para carregar os celulares (estávamos em um tour privado). A parede é feita com blocos de sal e o chão com cristais de sal, um charme!

Assim que chegamos tomamos um chá quente e no jantar uma sopa quente com frango. Na hora do banho a água quente não aparecia e depois de tanto esperar já tinha concluído que não viria. Cheguei até a tomar um “banho de gato” com a água fria (bem de gato mesmo) quando ela finalmente apareceu. Dormimos cedo pois além do cansaço, o dia seguinte começaria cedo.

As 5:00 já estávamos no carro em uma temperatura de 2oC a caminho do deserto para ver o nascer do sol. Foi um lindo espetáculo! Apesar do frio conseguimos tirar belas fotos.

Depois seguimos até a Isla Incahuasi, uma ilha de pedras no meio do deserto de sal com cactos de mais de 10 metros de altura. O guia nos informou que os cactos crescem menos de 1 cm ao ano, então calculamos que a idade deles deve variar entre 500 e 1000 anos! Uma paisagem muito exótica! A caminhada para subida à ilha, de cerca de 1 hora nos permitiu muitas fotos.

 

O guia nos aguardou ao lado do carro e organizou nosso “desayuno” (café da manhã), em uma mesinha com bancos feitos de blocos de sal. O charme ficou por conta da bandeira do Brasil ao lado do nosso carro, sinalizando a nossa nacionalidade. E assim, no meio do deserto de sal na Bolívia as 7:00 da manhã, na ilha de cactos, estavam tomando café da manhã americanos, ingleses, japoneses, chineses, franceses, italianos, argentinos, chilenos, e nós brasileiros!

Seguimos até a Comunidade Coqueza na montanha Tunupa. Logo na entrada uma bela lagoa com flamingos. E muitas lhamas pastando.

Visitamos um pequeno museu e uma pequena gruta que conserva 7 corpos mumificados do ano 1200.

Depois encaramos uma subida até o topo do vulcão. Na verdade uma escalada! A subida durou 1 hora e meia, e foi um enorme esforço cardiovascular devido à altitude. Tivemos que parar várias vezes para recuperar o fôlego. A visão do deserto de sal lá de cima é incrível: uma imensidão branca para todos os lados.

A descida durou 1 hora e foi um enorme exercício para as coxas. Cheguei exausta, com as pernas tremendo! Para mim foi o mesmo que escalar o Monte Everest!! Almoçamos ao pé do vulcão, em um local próprio para piquenique, novamente a comida trazida no carro pelo guia.

E após o almoço atravessamos pela última vez o deserto de sal percorrendo 135 km até a cidade de Uyuni, por onde começamos a nossa aventura.

O deserto de sal é uma daquelas paisagens inóspitas e estonteantes que você levará para o resto da vida. Tivemos a oportunidade de visitar o deserto do Saara em Marrocos e agora o deserto de sal na Bolívia. Amamos!

Após 2 dias no meio do sal, sem internet, voltamos a civilização. Bem, na verdade é uma civilização bem diferente. Voltamos para Uyuni, a cidade de onde partem os passeios para o deserto de sal e fomos para o hotel (Joyas Andinas). Chegamos doidos para tomar um banho mas surpresa: só ligavam o gerador para banho quente após as 19:00!!

Descansamos um pouco e saímos para comer.  Arriscamos um churrasco de costelinha de lhama em uma barraquinha com os locais. Gostosa, mas gordurosa.

No dia seguinte voamos de volta a La Paz e pudemos explorar a cidade com um pouco mais de calma. Ficamos em uma pousada super fofa, bem no meio do centro turístico (Posada de La Abuela).

La Paz é uma metrópole erguida em meio à altitude dos Andes, onde o moderno e as tradições indígenas se encontram em cada uma de suas esquinas. A Bolívia, como país latino e pobre, sofre todas as consequências sociais e econômicas que esta combinação carrega. E é em La Paz, por ser sua maior cidade, que estes contrastes ficam mais evidentes.

Após o almoço (no Café del Mundo) fomos até a praça principal da cidade, Plaza Murillo, que estava bastante policiada devido a manifestações políticas sobre as eleições presidenciais do Evo Morales. A história política boliviana é bastante tumultuada. Foram quase 200 golpes de estado desde a independência em 1825.

Caminhamos pelo “Mercado De Las Brujas”, uma sucessão de barraquinhas que vendem de tudo: artesanato, roupas, lembranças de viagem. Mas o que mais se destaca, no entanto, e que dá nome ao mercado, são os produtos esotéricos como poções, ervas medicinais, amuletos e o mais impressionante: filhotes e fetos de lhamas mumificados. Isso mesmo! Parece que são usadas em oferendas a Pachamama (deusa da etnia aymara). Compramos alguns suvenires e até fantasia e máscara de Halloween!

Visitamos o pequeno e singelo “Museu de la coca”. Foi criado após uma extensa pesquisa sobre essa controversa planta, que faz parte da cultura dos povos andinos.

Por um lado temos a coca,uma folha considerada tradicional e sagrada por uma grande parte dos povos indígenas cujo uso remonta há 8 mil anos.

Por outro lado temos a cocaína, que foi a primeira anestesia e deu origem a famosa coca-cola. Usada como droga causa vício e morte.

Em 1894 a coca cola usava cocaína na sua produção e prometia ser um excelente estimulante contra o cansaço. Depois trocou por cafeína mas continua usando folhas de coca.

Entendemos então que a coca é diferente da cocaína, que precisa da adição de alguns produtos para transformação e extração da droga. A comparação é como a uva e o vinho: você pode comer muita uva, mas nunca vai ficar embriagado.

Mascar folha de coca é permitida no Peru, Bolívia e Argentina.

No início a cocaína era usada livremente e há no museu várias propagandas com artistas de Hollywood e até um produto de gotas de cocaína usado para alívio da dor para dentição de bebês!! Consegue imaginar??

A capital La Paz é realmente uma cidade diferente!

Várias coisas chamam muito a nossa atenção!

Suas casas marrons (de tijolo aparente), construídas nos morros pois a cidade fica no meio das montanhas dos Andes.

O trânsito caótico: tudo engarrafado com carros e vans (não há ônibus, apenas vans) tentando enfiar uns na frente dos outros na base da pressão e da buzina.

As inúmeras barraquinhas que ficam na rua (sim, na rua, não na calçada), complicando ainda mais o trânsito. Vendem inúmeras qualidades de batatas e milho e tudo mais o que se pensar!! Ah, La Paz não tem supermercado!

E o mais interessante: as mulheres mais velhas, chamadas de cholitas, com suas vestimentas típicas: volumosas saias na altura do joelho, cabelos longos penteados em 2 tranças finalizadas com um enfeite pendurado e sempre de chapéu. O mais interessante é aquele chapéu coco, que fica por cima da cabeça. E com dente de ouro! Estão sempre carregando uma trouxa de pano nas costas (como se fosse uma mochila), algumas com bebês dentro. E com xale ou poncho. A noite esfria bastante mas durante o dia o sol esquenta muito. Mesmo assim os bolivianos estão sempre vestidos com agasalhos pesados.

E essa foi nossa rápida aventura na América do Sul! Apenas 5 dias depois já estávamos de volta ao Brasil.

Bolívia, o nosso 45o pais juntos!

Me surpreendeu pela beleza do deserto de sal e pela precariedade das condições de vida em sua capital, La Paz. Ah, na verdade, pela constituição do país a capital é Sucre, mas na prática La Paz é a capital política e administrativa.

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