Minha irmã em Barbados

Em julho fomos visitar a Tia Lélia (minha irmã) e sua família que estão morando no Caribe…

Se vocês me acham animados para viajar com filhos é porque não conheceram a minha irmã e meu cunhado…

Na verdade é uma herança de famíllia! A nossa mãe era tão animada quanto… com uma diferença básica: as viagens naquela época eram de ônibus! Agora de avião, tudo ficou bem mais fácil!

Voltando à minha irmã: ela morou 1 ano nos EUA fazendo intercâmbio quando tinha 15 anos e 6 meses na França durante a faculdade de administração na USP. Mas queria mais. Então, resolveu solicitar transferência (trabalha no Ministério de Relações Exteriores) e foi enviada para Barbados, uma pequenina ilha no Caribe. Seu marido pediu licença do seu emprego (público) e lá foram eles, com as 2 filhas (2 e 4 anos) e 8 enormes malas com tudo que precisariam para viver durante 3 meses (incluindo as 2 cadeirinhas de carro), uma vez que a mudança (com móveis e tudo) iria de barco e só chegaria 3 meses depois. Ah, já que a passagem poderia ser emitida com uma conexão em Miami e eles tinham uns dias para poder fazer o trajeto, resolveram dar uma paradinha na Disney com as meninas por 1 semana… Simples, não? E esqueci de contar outro ‘pequeno’ mais importantíssimo detalhe: após acertar tudo para a transferência de país ela descobriu que estava grávida do 3º filho! Viram como ela é mais animada do que eu?

 

 

E nós, como boa família, tínhamos a ‘obrigação’ de ir passar férias no Caribe…

Então fomos, mas de uma forma mais simplificada: com apenas 2 malas, sem filho na barriga, e num vôo direto de apenas 5hs e meia de São Paulo pra Barbados…

 

O país, como a grande maioria dos países do Caribe, é uma ilha pequena, com uma população de menos da metade da população de Uberlândia. Como foram colonização inglesa falam inglês e dirigem o carro do lado contrário. A maioria da população é negra, descendente de escravos. A economia é desenvolvida, com o 3º maior IDH (índice de desenvolvimento humano) das Américas, perdendo apenas para o Canadá e EUA.

 

E é lindo! Com uma clima quente o ano inteiro e águas calmas, transparentes e igualmente quentes é literalmente uma imagem do paraíso.

A população não é tão aberta como imaginamos, em muitos momentos eles chegam a ser secos e carrancudos. E, como esperávamos, há uma circulação bastante liberal de drogas… fomos abordados mais de uma vez “do you want something good?”

 

As crianças barbadianas são bastante obedientes e comportadas. Ou talvez apenas mais submissas, uma vez que o castigo físico ainda é permitido nas escolas públicas (que por sinal são de muito boa qualidade!). Agora vocês imaginam quando nós chegávamos com 4 crianças ‘tocando terror’? Rsrsrs… Exagero, as minhas sobrinhas são bem comportadinhas, embora fiquem mais agitadas na presença dos primos. Os meus são mais ‘abusadinhos’, mas não havia moleza não, qualquer simples subida indevida em um banco era imediatamente chamada atenção por algum segurança… eles são bem menos tolerantes com crianças do que nós estamos acostumados!

 

Foi interessante vivenciar a experiência de adaptação em morar em outro país com todas as suas operações logísticas: aluguel do apartamento, escola das meninas, carro, celular, supermercado, ajudante, baby-sitter, idioma, e até o pré-natal…

Percebemos que após apenas 4 meses eles estão muito melhor ‘adaptados’ do que imaginávamos. Mas isso era realmente esperado, para quem conhece o estilo daquela família.

Meu cunhado se saiu muito bem no papel de ‘housekeeper’ e administrador do lar, a minha irmã trabalhando na embaixada e as meninas, já fazendo amigas e arranhando o inglês. O apartamento que alugaram é em frente à praia, ou melhor dizendo, é na praia, pois não precisa nem atravessar a rua. Com uma linda vista para o mar… Mas sabe que isto não é tão bom assim? O mar faz um barulho muito alto e até atrapalha a assistir TV e a dormir… deve ser até chato morar assim, não acham?

 

Fizemos vários passeios interessantes:

 

– mergulho com cilindro: Existe algo mais bonito que as praias do Caribe? Sim, existe! o fundo do mar do Caribe!!! Eu e o Rodrigo aproveitamos que tínhamos ‘babá’ (o Tio Marcelo, lógico!) para mergulhar. Já fazia quase 5 anos desde o nosso último mergulho (em Cuba) e tivemos que fazer um ‘refreshment’ (o que confesso achei ótimo pois estava um pouco apreensiva, mas depois relaxei e curti muito!) antes de seguir para alto mar e mergulhar em incríveis 5 navios naufragados. Na verdade, estes navios foram afundados intencionalmente para criar corais e atrair os habitantes do fundo do mar. Lindo! Parece que você está dentro de um aquário…

 

– Caverna (Harrison’s Cave): cheia de estalactites e estalagmites, que crescem 1cm a cada 200 anos… Impressionante como uma ilha tão pequena como Barbados pode ter uma caverna tão grande (o percurso  de quase 2 km é feito de carrinho). Era feriado então a Tia Lélia pode ir conosco…

 

 

O Lucas não resistiu ao ambiente escuro e com barulhinho de cachoeira e dormiu…

 

 

– Passeio de catamarã: O Dani e o Lucas dormiram no barco, no caminho de ida, debaixo de um sol escaldante… Mas depois acordaram refeitos e aproveitaram muito, principalmente o Daniel que conseguiu fazer snorkel direitinho e viu muitos peixinhos, além das tartarugas… O Lucas só viu por fora (não aceitou usar o óculos) mas o guia atraiu as imensas tartarugas até a superfície para que ele pudesse ver…

 

Cochilo no catamarã sob um sol escaldante no caminho de ida…

Olha o tamanho da tartaruga!

 

– Passeio de submarino: impressionante! Fomos de barco até alto mar e no meio daquela imensidão de águas emergiu um submarino cheio de janelinhas de vidro. Subimos a bordo e descemos a 60 metros de profundidade. As crianças puderam ver o que nós temos acesso quando mergulhamos de cilindro: muitos corais, peixinhos, tartarugas nadando e um navio naufragado.

 

 

– Pesca em alto mar: Foram apenas os pais e os mais velhos. Ficaram 4 horas em alto mar num barco próprio de pesca, com 7 varas com pequenos peixes como isca, em movimento constante na tentativa de pegar algum grande peixe. Conseguiram pegar alguns atuns, não tão grandes assim, mas valeu a experiência, apesar do tédio que as crianças ficaram… Eu fiquei em terra firme com os 2 menores…

 

 

 

 

Atuns pescados

 

– Show de danças típicas, com direito a perna de pau, show de engolir fogos, reggae, samba brasileiro e crop over, o carnaval local que acontece nesta época do ano. E também um tributo à Rihanna, a filha mais célebre desta ilha… Tudo regado a rum, pois Barbados produz o melhor rum do mundo…

 

O cansaço do dia bateu forte e não conseguiram terminar de ver o espetáculo

 

E além destes programas turísticos ainda tivemos a oportunidade de participar da festa de aniversário das minhas sobrinhas Lídia e Luísa, no Chefete, um fast-food local. Foi uma festa inter (ou multi?) nacional… Havia uns 20 adultos (além das crianças) e simplesmente  10 nacionalidades: canadense, costa riquenho, paraguaio, guatemalteco, belga, polonês, francês, chileno, barbadiano e brasileiros! E ainda português, pois meu cunhado tem dupla nacionalidade… Era capaz de ter mais nacionalidades do que pessoas… Como a Lélia disse são os amigos ‘expatriados’ que eles fizeram aqui… E o mais interessante é que o inglês não era a língua nativa de ninguém, apenas dos 2 barbadianos… Mas entre português, espanhol, inglês e francês a festa foi bem divertida! E as crianças brincaram muito, durante horas seguidas, na língua universal: criancês…

 

 

E ainda houve um jantar na casa do embaixador. O detalhe é que, conforme recomendação da minha irmã, nós havíamos levado apenas roupas de praia e chinelo, pois é o que eles usam para ir a literalmente todos os lugares (exceto a jantares oficiais!)… e não é que ela recebeu um convite do embaixador (extensível a nós), sem possibilidade de recusa, para irmos a uma jantar em sua residência? Fomos, mas com roupas emprestadas! E como o convite (lógico!) não era extensível às 4 crianças elas ficaram com uma baby-sitter… cubana! Que domina o inglês e o espanhol. Acontece que os meus 2 não falam nem uma língua nem outra e as minhas pequenas sobrinhas estão apenas começando a arranhar o inglês… E não é que ela deu conta dos 4, incluindo fazer e dar o jantar? Quando chegamos, 4 horas depois, estavam todos dormindo como anjinhos, o Lucas deitado na cama do irmão… queria ter sido uma mosquinha para ver como eles se comunicaram… No dia seguinte o Lucas me contou achando a maior graça que ela tinha feito o leite dele errado (ele gosta de leite puro e ela colocou chocolate), mas que ele reclamou e ela trocou…

 

 

 

Voltando ao jantar, foi bem interessante conhecer uma belíssima residência, participar de um evento oficial com toda sua pompa e escutar estórias de um casal que já morou em 8 países bem diferentes entre si, como Egito, Tanzânia, Alemanha, Canadá…

 

 

 

A semana foi intensa, a Lélia montou uma super programação que foi cumprida a risca, exceto por um único dia em que houve aviso de tempestade tropical e a ilha inteira ficou de alerta. Deixamos até água e velas reservas para alguma emergência, mas graças a Deus só houve uma chuva mais forte com muito vento… e a segunda saída para mergulho acabou sendo cancelada!

 

Lídia e Daniel de caiaque…

Rodrigo, Daniel e Lidinha no outro caiaque…

 

O pique dos meninos era surpreendente! Acostumados a acordar aqui por volta das 7 e pouco da manhã, com o fuso horário de  1 hora a menos acordaram todos os dias as 6 e pouco! E acabavam indo dormir mais tarde que o habitual, com tantas coisas para fazer. Pois é, adulto aproveita as férias para dormir mais e criança aproveita para dormir menos! Que ‘dó’ eles têm de dormir!!

 

Até o Lucas arriscou no body board…

 

Após esta intensa semana voltamos, não sem emoção: quase perdemos o vôo de volta! Mas a mala voltou mais vazia: deixamos o Daniel para trás. Ele ficou uma semana a mais com os tios. Aproveitou bastante a praia e até foi no ‘Summer camp’ de ginástica olímpica com a prima. Gostou muito e se virou bem… O mais interessante era escutar ele contar altas estórias, inclusive reproduzindo as conversas… ‘aconteceu isso, aí eu disse aquilo para a tia, mas ela respondeu isso…’ e ficávamos tentando imaginar como ele tinha entendido tantas coisas.

Depois de 1 semana o vôo deles foi cancelado e remarcado para 36hs após e ainda ganhou mais um dia de praia extra. Foi para Brasília com a tia, ainda esticou por mais 2 dias as férias lá e voltou sozinho de avião, de Brasília para Uberlândia! Ficou tão tranqüilo no vôo que, segundo nos contou, dormiu o trajeto todo! E nós com o coração na mão de deixá-lo voar sozinho…

 

Recepção na chegada do aeroporto de Uberlândia

 

Ah, uma última curiosidade:

Sabem porque o país se chama Barbados? Por causa desta árvore, a árvore “barbada”…

 

 

Até a próxima viagem com os filhos na mala!

 

Tags: Barbados

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