Amazonas com crianças

Tiramos uma semana de férias em abril e… para onde ir? Geralmente não escolhemos nossos destinos, aproveitamos algum congresso, algum trabalho voluntário, acompanhamos minha irmã em alguma viagem… mas desta vez resolvemos escolher nosso destino livremente! Resort na praia com os meninos seria o roteiro mais esperado, mas não é nosso estilo… olhamos um, outro e nada nos agradou, não tinha aquele ‘tchan’ especial… O que os meninos gostariam? O Daniel está na ‘fase’ da pescaria, então começamos olhando pacotes pro Pantanal mas acabamos nos encantando com o Amazonas… nosso olho brilhou quando vimos os passeios que são feitos neste tipo de viagem! Pronto! Achamos nosso destino, fechamos a passagem por milhagem Smiles, o hotel pela agência Vivaverde (pela internet, muito eficientes), contamos aos meninos (não precisa nem dizer qual foi a reação do Daniel… Ele simplesmente pulou de alegria!), estudamos o nosso destino juntos através de livros infantis e filmes (como de costume) e lá fomos nós… rumo à maior floresta do mundo!

Eu havia estado lá quando tinha por volta de 10 anos com meus pais e também adorei o passeio. Tenho até hoje uma foto com a minha irmã segurando uma jibóia com aquela cara de nojo e pavor!

E o Rodrigo também esteve lá a cerca de 10 anos quando fez um trabalho voluntário na época da residência em Santarém (Belém – PA). Mas ambos tínhamos feito apenas o passeio básico do encontro das águas… desta vez iríamos mais a fundo!

A primeira noite foi em Manaus, no Hotel Tropical, que tem um mini-zôo dentro dele! Foi só deixarmos as malas no quarto e lógico corremos para o zoológico ver os bichos típicos da Amazônia que tínhamos visto nos livros.

 

Macaco aranha comprimentando o Daniel com o rabo!

 

Logo na manhã seguinte, o Barco do Ariaú nos pegou, no próprio pier do hotel onde estávamos e viajamos durante 90 minutos de barco para dentro da floresta. O Ariaú é um dos hotéis de selva que existem dentro da Floresta Amazônica, o mais antigo e famoso. Ele é todo construído na altura da copa das árvores sobre palafitas e como estávamos na época da cheia simplesmente era água pra todo lado…

 

Existem passarelas que levam aos quartos, todos feitos de madeira. Muito interessante!

 

 

E claro, a maioria dos turistas era estrangeiro… a americana que estava ao nosso lado no barco quando chegou exclamou “Amazing!” (incrível…) Se para a gente é super diferente e interessante imagina para eles… haviam muitos franceses e japoneses.

 

Já fomos logo apresentados ao nosso guia de Selva, Paulo, que nos acompanhou em todos os passeios que fizemos nos 5 dias em que ficamos lá.

 

 

 

 

 

Para todos os passeios pegávamos um barquinho (dirigido pelo Toninho) e andávamos cerca de 1 hora no rio Solimões para os destinos… Geralmente acordávamos as 7:00, tomávamos café da manhã e o primeiro passeio do dia saía as 8:00. Voltávamos por volta das 10/11:00 e já íamos direto pra piscina do hotel, até o 12:00 quando almoçávamos. Aí tínhamos que ‘obrigar’ os meninos a irmos um pouco para o quarto para sairmos do sol quente e descansarmos um pouco (o cochilo do Lucas a tarde ainda é obrigatório, mas o Daniel não dormia nem sob ameças, ficava lendo ou brincando… Eu e o Rodrigo ficávamos acabados, mas ele não!) e saíamos para o passeio da tarde por volta das 15:00. Quando voltávamos, novamente piscina até o jantar as 19:00 e ainda tivemos passeio a noite no dia do jacaré!

Olha só os passeios que fizemos:

 

Caminhada na floresta

Os meninos começaram bem, querendo ir à frente do restante do grupo, logo atrás do guia. Era uma trilha no meio da floresta mesmo, para ver as árvores típicas, medicinais e outros curiosidades…

 

 

E foi na caminhada a cena mais inesperada para mim: o guia abriu um ‘coquinho’ que dentro tem uma larva branca bem gordinha, chamada coró, e ofereceu para as pessoas comerem. O Rodrigo foi o primeiro (até aí nada de inesperado, para quem foi criado em fazenda e serviu serviço militar!), mais um aceitou, outro e de repente o Daniel comeu!!!! Para ele que, como a maioria das crianças, não experimenta nada diferente foi totalmente inesperado! Comeu, gostou e pediu outro!!! Eu só acreditei porque vi… poderia apostar o que fosse que ele nunca comeria (teria perdido!). Eu e o Lucas lógico não fomos tão corajosos assim…

 

 

 

Lá pela metade o Lucas pediu colo e no final simplesmente dormiu! Tivemos que terminar a caminhada com ele no colo, nos revezando, eu e o Rodrigo. Mas o Daniel aguentou firme!

Visita à casa de um caboclo para ver como vivem, em casinhas à beira do rio, construída em cima de palafitas. Eles vivem com dificuldade, mas recentemente muitos já tem água encanada e energia elétrica. O barquinho da prefeitura passa para pegar as crianças pra levar pra escola. O nosso guia que nasceu e ainda mora numa destas casas, contou-nos que quando era criança tinha que ir de barco com os irmãos para escola, no remo, subindo a correnteza por quase 2 horas e depois ainda caminhar um trecho até chegar na escola… Hoje para seu filho a vida já está mais fácil… Na seca a casa acaba ficando um pouco distante do rio, o que dificulta um pouco, e na cheia, se enche demais, eles tem que levantar o assoalho da casa (constroem outro por cima). Conhecemos algumas frutas típicas (açaí, cupuaçu) e ficamos (principalmente o Lucas) impressionados com a facilidade para subir no pé…

 

Pescaria de piranhas

Foi o ponto alto da viagem para o Daniel, realmente um programa excitante!

 

Nesta época do ano, na cheia, é o único peixe que se consegue pescar na vara. Íamos com o barquinho a algum igarapé, com uma paisagem deslumbrante, no meio da floresta inundada e era só jogar a vara no rio. O Daniel gostou tanto que repetiu este passeio mais 2 vezes com outros grupos…

 

O Lucas não curtiu tanto assim, achou meio tedioso ficar parado num barquinho e acabou dormindo…

 

 

As piranhas viraram caldo no jantar! Diz o Rodrigo que estava gostoso mas eu não experimentei. Ainda bem, pois depois me disseram que é ótimo pra engravidar!

 

Na verdade o Daniel pescou todos os dias, pois como estávamos ao nível do rio toda hora que sobrava um tempinho ele jogava a vara, ali, ao lado da piscina mesmo… e pegava peixe! Fez amizade com vários motoristas de barco, guias, garçons e funcionários do hotel, e as vezes algum deles o acompanhava em algum local um pouco mais afastado para pescar. E as piranhas que ele trazia eram jogadas no aquário do hotel para alimentar os peixões que lá viviam. Ele adorava!

 

Visita a Comunidade ribeirinha São Tomé, uma comunidade de cerca de 15 famílias que vive à beira do rio, com explicações sobre a seringueira e a extração da borracha na Amazônia. Em todas estas visitas se tem contato com o artesanato local.

 

Nadar com o boto cor de rosa

Muito legal! Você entra na água (no meio do rio mesmo!) com o cuidador que fica dando peixinhos para ele, e a gente lá no meio, com eles nadando embaixo, batendo na sua perna… Encantador!

 

 

Visita a uma comunidade indígena (Sahu-apé)

Com apresentação de danças típicas, músicas na língua deles e demostração das ervas medicinais. Era uma 2af de manhã e estavam todas as crianças da aldeia na ‘oca-escola’, onde aprendem a língua nativa e o português.

 

Caminhada pelas passarelas de palafitas do hotel

É um circuito de quase 8km dentro da floresta, passando pelas atrações do hotel: aquário (com vários peixes típicos da região, entre eles um pirarucu de mais de 2 metros), o heliponto, fonte da juventude, árvore para escalada, várias ‘casas de tarzan’ no topo das árvores para hospedagem e observação dos pássaros com suas piscinas particulares… um charme!

 

Pirarucu (o maior peixe de rio do mundo) no aquário do hotel

 

Casa do Tarzan no topo das árvores

 

Daniel e Lucas nadando nas piscinas particulares espalhadas pelo hotel, no meio do rio!

Nascer do sol

 

O Rodrigo e o Daniel acordaram as 5:00 e foram ver o sol nascer no meio do rio… Eu como tinha que cuidar do Lucas (ótima desculpa!) fiquei dormindo até as 7…

 

Focagem de jacaré

Pra mim foi o programa mais impressionante e vimos que realmente tem gente corajosa neste mundo: o guia simplesmente pula no meio do rio, em plena escuridão, pega um jacaré de uns 2 anos de idade e sobe com ele de novo no barco (uma mão no seu pescoço e outra para subir no barco) para podermos ver e fotografarmos… E ele tem que pular direto no pescoço do bicho porque se errar leva uma mordida e se o jacaré morde não abre mais…

 

 

O hotel é cheio de macaquinhos (macaco prego) e de placas para não alimentá-los… Mas é impossível pois eles simplesmente roubam a nossa comida! O único local seguro para comer é dentro do restaurante com a porta fechada! Eles pulam em cima de você e roubam da sua mão! Imagina a carinha do Lucas quando um deles roubou o biscoito que estava comendo! Até guaraná eles derrubam a latinha pra lamber o guaraná do chão…

 

São muitos e muito espertos! Impressionante como a mamãe macaquinha consegue dar tantos pulos e piruetas com seu filhinho macaquinho grudando nas costas, ou na barriga mamando!

 

 

E como todo bom hotel de selva tivemos visita indesejada: perereca no banheiro (apesar de ser todo vedado para não entrar mosquito) era comum (não sei por onde elas conseguiam entrar!), mas isto não era problema: o Daniel usava a técnica aprendida na fazenda com o vovô Wand. Colocava um saco de plástico na mão, pegava a perereca e levava pra fora!

Mosquitos não vimos.. nem usei o repelente! E só para dar emoção vi uma cobrinha colocando a cabeça por um buraquinho no chão de madeira para espiar… avisei o funcionário do hotel mas antes que pudesse tomar qualquer providência ela já voltou para seu habitat natural!

O sistema lá é pensão completa, lógico que com muito peixe e farinha!

 

A fome dos meninos era grande!

 

E não havia televisão no quarto (o que eu adorei!!), apenas no saguão da recepção…

Celular e internet pegavam bem lá! Era engraçado, no meio do rio, dentro do barquinho e com sinal de celular…

 

Pôr do sol

 

Depois voltamos pra Manaus onde ficamos mais 2 dias e fizemos mais passeios:

 

Encontro das águas

 

Pesca de pirarucu. É um tanque flutuante, no próprio rio, para pesca de turismo, cheio (mais de 100!) de peixes enormes. Um peixinho é amarrado na vara (sem anzol) e a brincadeira é perceber a força do pirarucu… Eles avançam sobre a isca, dando puxões, batendo na água, fazendo um barulhão, e se a gente não ajuda segurar vai vara e menino junto pro tanque… o Daniel ficou em êxtase!

 

 

 

 

Lago de vitórias régias

 

E vimos alguns animais silvestres:

 

bicho preguiça

sucuri

 

E no último dia ainda fizemos um rápido city tour visitando o famoso Teatro Amazonas, o museu do índio e o zoológico…

Foi uma viagem muito interessante… e os meninos voltaram cheios de estórias pra contar!

 

 

Recomendo a todos, especialmente aos pais de meninos…

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